As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o final de abril causaram danos a 6 assentamentos do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Segundo o movimento, 290 famílias tiveram que deixar as terras em que estavam, das quais 38 conseguiram retornar para os próprios lotes. As outras estão em abrigos ou realocadas provisoriamente em outros assentamentos.
Ao todo, 420 famílias assentadas foram afetadas por algum transtorno relacionado a alagamentos, inundações de casas, perda da produção de alimentos, prejuízos de estruturas, ferramentas, maquinários, além da vida de animais. Levantamento preliminar divulgado nesta 6ª feira (17.mai.2024) pelo MST indicou ainda prejuízo de R$ 90 milhões, considerando produção nas hortas, cultura leiteira e do arroz.
Os assentamentos atingidos estão localizados na região metropolitana de Porto Alegre e região central do estado: Integração Gaúcha (IRGA) e Colônia Nonoaiense (IPZ), em Eldorado do Sul; Santa Rita de Cássia e Sino, em Nova Santa Rita; 19 de Setembro, em Guaíba e Tempo Novo, em Taquari.
ARROZ
A rizicultura do MST ocupa uma área total de 2.800 hectares no Estado, sendo que a maior parte está justamente nas áreas inundadas.
Do arroz agroecológico que havia sido plantado neste ano, 755 hectares foram perdidos. Já a produção de arroz em transição agroecológica teve perda de 838 hectares, e a produção de arroz convencional registrou perda de 765 hectares.
Na soma, as 3 categorias produtivas de arroz tiveram perda correspondente a uma área de 2.358 hectares, nas áreas de 6 assentamentos da reforma agrária afetados pelas chuvas da região.
O investimento de produção, contratos, insumos e prejuízos na comercialização somam mais de R$ 52 milhões só do arroz, segundo o MST.
HORTALIÇAS E PECUÁRIA
O levantamento preliminar do movimento mostrou ainda que, só na Região Metropolitana do Rio Grande do Sul, 200 famílias envolvidas na produção de hortaliças e frutas foram atingidas, o que representa cerca de 300 hectares plantados.
“Dessas famílias, 170 perderam toda sua produção de hortaliças, raízes e frutas de uma área de 250 hectares. Isso representa em valores o montante estimado em R$ 35 milhões, considerando os 12 produtos principais dessa produção local”, disse o MST.
A estimativa é que, na produção de hortas, as folhosas só voltarão a produzir de 45 a 60 dias depois da retomada da produção. Os demais cultivos (beterraba, cenoura, aipim, batata-doce, morangas, abóboras) só na primavera, com colheita prevista para 2025.
Segundo o MST, famílias afetadas integravam o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) na modalidade de Doação Simultânea, com contratos em torno de R$ 2 milhões, que precisarão ser prorrogados para o próximo ano por causa das perdas na produção.
Na pecuária leiteira, o levantamento feito pelas famílias associadas da Cootap estimou perdas de quase R$ 3 milhões, considerando os prejuízos entre galpões, pastagens plantadas, animais, maquinários e leite não entregue.
Só em Eldorado do Sul, a perda chegou a R$ 1,29 milhão. As mortes de animais chegaram a 95 cabeças de gado, sendo 55 mortes no município.
Com informações da Agência Brasil.